Os exames finais do ensino primário arrancaram hoje, 25 de novembro, em todo o território moçambicano. Mais de 878 mil alunos do nível primário enfrentam este momento decisivo, com as provas decorrendo até o dia 13 de dezembro. Apesar do início aparentemente tranquilo em algumas escolas, como observado na Cidade de Maputo, a precariedade de recursos e infraestrutura continua a ser um obstáculo significativo para muitos estudantes.
Muitas escolas enfrentam dificuldades básicas, como a falta de carteiras e salas de aula adequadas. A meta governamental para construção de novas salas e aquisição de carteiras não foi completamente alcançada, deixando milhares de estudantes sem condições apropriadas para realizar as provas. Em algumas instituições, alunos ainda precisam sentar no chão ou partilhar o espaço em carteiras destinadas para uma pessoa.
“Este é um momento crucial para os estudantes, mas as condições em que muitos deles realizam os exames são desumanas. Ainda temos escolas com turmas superlotadas e sem infraestrutura básica para garantir a dignidade durante o processo”, lamentou um responsável educacional que preferiu não se identificar.
Outro desafio foi a falta de livros didáticos completos ao longo do ano letivo. Apenas 43% dos materiais planejados foram distribuídos, e muitos alunos precisaram recorrer a cadernos de atividades ou materiais reutilizados de anos anteriores. Esta limitação coloca os estudantes em desvantagem, comprometendo sua preparação para exames tão importantes.
Na capital, docentes estiveram presentes para assegurar o andamento das avaliações, apesar de ameaças de boicote por parte da Associação Nacional dos Professores de Moçambique (ANAPRO). O movimento reivindicava o pagamento de horas extras, mas os professores compareceram às escolas e desempenharam suas funções. “Estamos aqui para garantir que os alunos realizem os exames. Todos os professores estão presentes e comprometidos, apesar das dificuldades”, afirmou Rabeca Muchuane, diretora da Escola Primária Completa Avenida das FPLM.
Com o risco de manifestações durante o período de exames, escolas na Cidade de Maputo adotaram planos de contingência. Segundo Alzira Basílio, diretora da Escola Primária Completa Unidade 18, reuniões com encarregados de educação garantiram a segurança dos alunos e a continuidade do processo.
Além dos quase 878 mil alunos do primário, outros 682 mil estudantes do secundário iniciarão seus exames na próxima semana. O governo tem enfatizado a importância do planejamento para enfrentar os desafios, mas reconhece que ainda há muito a ser feito para melhorar as condições do ensino no país.
A realização dos exames, mesmo em condições adversas, reflete a resiliência dos alunos, professores e comunidades escolares. No entanto, as dificuldades enfrentadas ao longo do ano letivo evidenciam a necessidade urgente de investimentos no setor educacional para garantir igualdade de oportunidades e qualidade de ensino.
[Fonte: O País|| Redação: Radar Magazine — MZ
|| Imagens: Arquivo Radar]
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