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OSSUFO MOMADE: O RENASCIMENTO POLÍTICO



Ossufo Momade, que muitos viam como um líder político em declínio, renasceu na segunda semana de campanha. 

Momade, considerado por alguns como moribundo politicamente, entrou tardiamente na corrida, mas logo provou o contrário ao conseguir uma mobilização massiva, especialmente no norte do país, onde o seu apoio tem raízes profundas.

Aqui, a questão central parece estar na lealdade dos eleitores da Renamo, que vêm em Ossufo uma continuação da luta histórica do partido. 



Este eleitorado, formado principalmente por faixas etárias intermédias e mais velhas, permanece fiel à Renamo, vendo em Momade a continuidade de uma liderança que tem raízes na resistência ao monopólio de poder da Frelimo.

O que é curioso é que, ao contrário do que muitos previam, Ossufo Momade conseguiu manter viva essa chama, desafiando a percepção de que a Renamo estava a perder relevância política. 

A entrada tardia na campanha não só não o prejudicou, como parece tê-lo fortalecido, provocando uma espécie de "efeito surpresa". 

O seu regresso à campanha, ao contrário de causar apatia, revitalizou um segmento do eleitorado que estava adormecido.

UMA BATALHA DE GERAÇÕES E NARRATIVAS 

O que torna esta eleição especialmente intrigante é a nítida divisão de gerações entre os apoiantes de Venâncio e Ossufo. 

Venâncio Mondlane conseguiu criar uma narrativa de renovação, de ruptura com o passado e de uma nova esperança para os jovens. 

O Podemos está a transformar-se numa plataforma onde os jovens, insatisfeitos com o status quo, se projectam.

Ossufo Momade, por outro lado, representa a força do conservadorismo, a estabilidade num eleitorado mais velho que vê em si a continuidade de uma luta de décadas.

Momade ressurge como uma espécie de "guardião" da memória colectiva da Renamo, o que o torna uma figura incontornável na disputa, sobretudo para quem tem uma ligação histórica ao partido.

No entanto, o que será realmente interessante observar é se esta batalha geracional terá impacto nas urnas. 

Moçambique é um país jovem, e Venâncio Mondlane pode estar a criar a primeira grande cisão no eleitorado, ao atrair os mais jovens, que têm sede de mudança. 

Mas Ossufo, com uma base fiel e apesar de entrada tardia, pode estar a surpreender com uma mobilização mais resiliente e eficaz do que se previa.

Uma possível explicação para o sucesso de ambos os candidatos está também na geopolítica eleitoral. 

Venâncio Mondlane, concentrado nas cidades e nos centros urbanos, e por que não em zonas recônditas, onde a juventude domina, está a capturar a atenção da imprensa e das redes sociais. 

Ossufo Momade, por outro lado, concentrado nas áreas rurais e no norte, continua a mobilizar silenciosamente uma base leal, mas poderosa.

CONCLUSÃO: O FUTURO NAS MÃOS DA JUVENTUDE OU DA TRADIÇÃO?

Este cenário cria um dilema interessante. Se a força dos jovens for realmente tão impactante como parece, Venâncio Mondlane pode vir a emergir como uma figura decisiva no futuro da política moçambicana. 

Contudo, não se pode subestimar o poder da tradição e da lealdade de eleitores mais velhos, que veem em Ossufo uma continuidade necessária para o partido Renamo.

As próximas semanas de campanha serão cruciais para determinar se esta disputa entre gerações será suficiente para reconfigurar o mapa político de Moçambique, ou se a tradição, mais uma vez, triunfará sobre a inovação. 

(Hanif CRV, jornalista freelancer // MhM / mhm.b.mz@gmail.com / +258 84 572 8092 - Fotos: reprodução)

Publicação: RadarMZ

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