Uma das viaturas de luxo recentemente adquiridas pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) de Moçambique foi flagrada sendo utilizada para transportar mobilizadores na campanha eleitoral da FRELIMO, especificamente na recepção ao candidato Daniel Chapo, em Macia.
Esses veículos, adquiridos como parte do Fundo de Apoio ao Sector da Educação (FASE), são supostamente destinados a atividades relacionadas ao sistema educacional do país, que enfrenta graves desafios. Enquanto mais de sete mil turmas estudam ao ar livre, devido à falta de infraestruturas adequadas, e o déficit de carteiras e professores afeta o aprendizado de milhares de estudantes, o MINEDH investiu uma quantia significativa de 437 milhões de meticais na aquisição de 168 viaturas Mitsubishi Triton 4x4, cada uma custando mais de 2,6 milhões de meticais.
O uso de recursos públicos e veículos estatais em campanhas eleitorais levanta sérias questões sobre a separação entre o Estado e as atividades partidárias. O episódio em questão não só revela a politização de recursos estatais, mas também contrasta fortemente com a realidade crítica do setor da educação em Moçambique, que ainda sofre com profundas carências estruturais e de pessoal.
O incidente gerou revolta em setores da sociedade civil e entre educadores, que questionam a priorização de recursos. A destinação original das viaturas era para apoiar na supervisão e melhoria das condições de ensino em áreas carentes, mas o seu desvio para fins eleitorais lança dúvidas sobre a integridade da gestão desses recursos e a real prioridade atribuída à educação no país.
Essa situação reforça o debate sobre a necessidade de maior transparência e fiscalização no uso de bens públicos, sobretudo em um contexto onde as crises no sistema educacional continuam a afetar profundamente o futuro das novas gerações.
[Fonte: Nádio Taimo|| Redação: Radar Magazine — MZ || Redator: Edílson Simon || Fonte da Imagem: Getty Images || Maputo, 2024]
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