A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), um dos maiores produtores de eletricidade da África Austral, anunciou que a seca severa causada pelo fenômeno El Niño está condicionando sua produção de energia. A empresa informou que, desde julho, está adotando "medidas de gestão" para mitigar os efeitos da falta de chuvas na exploração da barragem, localizada no centro de Moçambique.
Segundo o comunicado divulgado pela HCB, essas medidas visam garantir que a produção planejada para este ano seja atingida, levando em conta a superação das metas no primeiro semestre de 2024. Contudo, a continuidade da seca representa um desafio à segurança operacional da barragem e às infraestruturas relacionadas.
A HCB destacou que o equilíbrio entre a preservação dos recursos hídricos e a geração de eletricidade é fundamental para a sustentabilidade do empreendimento. Atualmente, o nível da albufeira de Cahora Bassa está em 312,87 metros, correspondendo a 44,1% da sua capacidade útil – um número mais favorável em comparação com outras barragens na mesma bacia hidrográfica, que enfrentam uma situação ainda mais crítica.
Embora a seca tenha afetado negativamente a liberação de água para as áreas a jusante, a HCB permanece otimista em relação à recuperação da capacidade de armazenamento em 2025, impulsionada pelas previsões climáticas que indicam chuvas acima do normal devido à influência do fenômeno El Niño.
No entanto, até que essa recuperação ocorra, a produção de energia da HCB seguirá restrita, o que pode ter implicações tanto para Moçambique quanto para outros países da região que dependem de sua eletricidade. A empresa continua monitorando as previsões meteorológicas de longo prazo e a evolução das condições hidrológicas na bacia do Zambeze, ajustando suas operações conforme necessário para garantir a estabilidade energética da região.
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa, maior barragem de Moçambique e quarta maior albufeira da África, desempenha um papel crucial no fornecimento de eletricidade para o país e os mercados vizinhos, sendo controlada maioritariamente pelo Estado moçambicano (90%), com participações minoritárias da portuguesa REN (7,5%) e da Eletricidade de Moçambique (2,5%). A continuidade da seca coloca em risco esse fornecimento, destacando a necessidade de planejamento estratégico e soluções a longo prazo diante das mudanças climáticas.
[Fonte: Lusa|| Redação: Radar Magazine — MZ
|| Imagens: Getty Images
|| Maputo, 2024]
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