Na noite de quarta-feira, 7 de agosto, faleceu Salimo Muhamad, um dos maiores nomes da música moçambicana.
O renomado artista estava internado no Hospital Central de Maputo, sofrendo de câncer de pulmão, conforme informou o diário Notícias.
Salimo Muhamad completaria 76 anos no próximo dia 13 de agosto. Nascido como Domingos Simeão Mazuze Jr. em Xai-Xai, província de Gaza, a 13 de agosto de 1948, ele era filho de Maria José da Cunha Mazuze, que cuidava da família, e de Domingos Simeão Mazuze, que era escrivão.
No início da década de 1990, ao se converter ao islamismo, ele decidiu deixar de usar o nome Simeão Mazuze, adotando o nome Salimo Muhamad.
A sua perda é sentida por toda a comunidade artística e por seus fãs, que recordarão sua enorme contribuição à música e à cultura de Moçambique.
Luís Laforte prestou a seguinte homenagem ao renomado músico Salimo Mazuze:
Ainda que os nossos pais fossem compadres e amigos lá em João Belo/Xai-Xai, a verdade é que só conheci Simeão Mazuze em Porto Amélia, em 1971, durante a guerra colonial. Estava assistindo à sessão de ensaios do conjunto mais "yé-yé" (música jovem) da cidade, com alguns amigos. Lembro-me do baixista Miranda, do baterista Carlos Alberto Calheiros Pereira (Cabeto), talvez do viola-ritmo Gabão e do vocalista Edward Niderost (Ducho). Tudo acontecia no Parque Infantil, então o ex-libris da cidade.
De repente, aparece um grupo de militares, impecavelmente vestidos de azul, claramente da Força Aérea, destacando-se um soldado preto estiloso, com andar ondulante e bigode finamente recortado. Todos os outros eram brancos, evidenciando que eram uma tropa de elite. Notei que o soldado preto era o mais extrovertido, enquanto os brancos mantinham uma postura recatada, possivelmente esperando que ele interagisse com os músicos.
Aproximando-se do guitarrista, o soldado preto pediu educadamente o instrumento emprestado e começou a alinhar algumas notas, pedindo em seguida que as replicasse para ele. Com tudo já sendo replicado, incluindo o baixo de Miranda e a bateria de Cabeto, o preto pegou no microfone e começou a cantar:
"Pain in my heart
She's treating me cold
Where can my baby be?
Lord, no one knows..."
A canção era de Otis Redding. E o cantor era Simeão Mazuze! Mazuze que viria a ser falado por muito tempo por quase toda a juventude de Porto Amélia. Todos o queriam imitar; ele era a referência de tudo!
#Luislaforte
Descansa em paz, Salimo Muhamad.
#edilsonsimon
#culturamz
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