HRW exige investigação urgente ao "uso excessivo" da força pela PRM em protestos pós-eleitorais

A Human Rights Watch (HRW) exigiu hoje uma investigação urgente e imparcial às ações da Polícia da República de Moçambique (PRM), acusada de usar força excessiva contra manifestantes que protestavam contra os resultados das eleições de 9 de outubro. Em comunicado, a organização internacional destacou que pelo menos 11 pessoas morreram durante os confrontos entre a polícia e os apoiantes de Venâncio Mondlane, candidato presidencial que rejeita os resultados eleitorais.

De acordo com a HRW, "as autoridades moçambicanas devem investigar prontamente e imparcialmente o uso aparentemente desproporcional da força", que resultou em mortes, feridos graves e detenções em várias partes do país. Entre os feridos estão mais de 50 pessoas com lesões graves provocadas por balas, e várias crianças, incluindo bebés de apenas um ano, que foram afetadas pela inalação de gás lacrimogéneo disparado indiscriminadamente pela polícia em zonas residenciais.

Os confrontos começaram após Mondlane, que inicialmente convocou uma "paralisação geral" em protesto aos resultados eleitorais, ter pedido aos seus apoiantes que saíssem às ruas após o assassinato de Elvino Dias, seu advogado, e Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos. Segundo testemunhas, os protestos, que começaram de forma pacífica, degeneraram em confrontos com a PRM, resultando no fechamento de lojas, detenção de manifestantes e aumento da violência.

A HRW alertou que a repressão policial contra as manifestações viola a Constituição de Moçambique, que garante os direitos à liberdade de reunião e expressão. A organização reiterou que o governo deve responsabilizar os agentes envolvidos no uso desproporcional da força, e garantir que os direitos dos cidadãos sejam respeitados.

Paralelamente, a PRM anunciou a abertura de um processo-crime contra Venâncio Mondlane e seus apoiantes, acusando-os de envolvimento na escalada da violência, incluindo o incêndio de um posto policial. A resposta da polícia tem sido alvo de críticas internas e internacionais, com várias organizações de direitos humanos e observadores eleitorais alertando para o risco de uma crise social se as reivindicações dos manifestantes não forem ouvidas.

[Fonte: TV Sucesso||Redação: Radar Magazine — MZ || Imagens: Arquivo Radar] 

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