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«A Competição Nacional de Atletismo aconteceu há dias. Havia muitos atletas na pista, mas boa parte não tinha intenções de vencer. Queria, apenas, receber, ao fim da competição, uma garrafa de água, uma frutinha e uma camiseta. Tem sido sempre assim.
Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, e o Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, lideravam a corrida. Na cauda deles, seguia um atleta que tinha as paredes do seu quarto cheias de medalhas e diplomas de segundo lugar, o atleta escorregava na pista como se tivesse manteiga nos pés. E a sua enorme língua, armada de cansaço, saía-lhe da boca e, como uma autêntica vassoura, varria a pista.
Voltemos aos líderes da corrida. De tempos a tempos, o Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, liderava a corrida e os seus pés, sobre a pista de alcatrão, pareciam mãos sobre um batuque: vibravam. Mas, quem, de facto, rasgava sem parar, a alta velocidade, a pista em pedaços era Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, um homem cabeludo que já tinha passado por mais de dez clubes de atletismo.
Nas bordas da pista, havia um molho de gente que aplaudia. O Zeca, Fugitivo dos Barbeiros, liderava a corrida; não era preciso binóculos para ver isso. A única coisa que chegava aos seus pés descalços era a enorme sombra do Coqueiro de Inhambane que parecia parada numa rua qualquer de Maxixe.
Quando faltavam poucos quilómetros para a meta, que se chamava Ponta Vermelha da competição, o Coqueiro de Inhambane começou a ser empurrado a velocidade. O Coqueiro de Inhambane avançava, pois a cada curva da pista, sem ninguém, surgia alguém que lhe uma garrafinha de água; o carro que filmava a competição, de quando em quando, dava-lhe uma boleia bem rápida e quando chegasse onde houvesse muita gente era despejado na pista e benzido de água para mostrar a todos que estava a suar de tanto correr.
Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, continuava a correr, a lutar contra o cansaço. Os atletas competiam de pés nus sobre o alcatrão quente, mas Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, às escondidas tinha sido colocado dois farrapos de napas nos pés por um delegado da competição que controlava a competição de forma transparente e justa.
Na pista, sem ninguém ver, ainda entrou um massagista para reanimar os músculos do Coqueiro de Inhambane, ainda entrou um nutricionista que entulhou o Coqueiro de Inhambane de vitaminas, ainda deram patins ao Coqueiro de Inhambane e todos viram quando até o relógio foi desacertado para que o Coqueiro de Inhambane batesse o maior recorde nacional.
Zeca ainda tentou acelerar, mas foi ultrapassado pelo Coqueiro de Inhambane. O Coqueiro de Inhambane agitava sem parar a sua enorme altura bem longe, e ele chegou à meta e foi aplaudido. E nem precisou de cortar a meta, o coordenador da competição cortou a meta em seu nome bem antes do início da corrida.»
O renomado escritor moçambicano Mia Couto pediu ontem "medidas severas" em resposta à agressão sofrida por Paulina Chiziane, perpetrada por seguranças de uma Igreja evangélica em Maputo, classificando o incidente como "inaceitável".
"É inaceitável a agressão física, verbal e psicológica cometida contra a escritora Paulina Chiziane e os artistas que a acompanhavam (...). Medidas severas devem ser tomadas contra os agressores. Sejam quem forem, seja qual for o pretexto dessa violência", declarou Mia Couto, em reação ao incidente, ao Lusa.
O Caso:
Paulina Chiziane submeteu uma queixa-crime contra um pastor da Igreja Divina Esperança, acusando os seguranças da congregação de agredi-la no dia 28 de julho, na província de Maputo. A escritora, acompanhada por outros três membros de sua equipe, registrava imagens para um videoclipe nas imediações da igreja.
Chiziane relatou que a agressão foi ordenada pelo pastor da igreja, resultando em ferimentos graves para alguns membros de sua equipe. "Estou a processar um pastor, aquele que ordenou a agressão contra mim e contra os meninos. Eles [a igreja] dizem que podem ajudar a pagar as despesas de saúde, mas um dos nossos membros foi pisado com botas e não consegue respirar bem. Não sei se ele tem fraturas ou não, mas ele não está bem", declarou Chiziane à Lusa. Outro membro da equipe também sofreu ferimentos, incluindo um problema na vista.
Acusações de Bruxaria:
Além das agressões, Paulina Chiziane afirmou que foi acusada de "bruxaria" porque, no veículo em que se transportavam, levavam a Timbila, um instrumento musical tradicional classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2008.
Reações:
Mia Couto, juntamente com a Associação dos Escritores Moçambicanos, condenou a agressão. A associação destacou que o incidente é uma ameaça à liberdade artística e à cidadania.
"Entendemos, assim, que tais atos, contraditórios a qualquer postura religiosa e cívica, constituem uma inadmissível ameaça à liberdade de criação artística e ao exercício dos direitos sociais e de cidadania consagrados pela Constituição", lê-se num comunicado da associação.
Contexto:
Paulina Chiziane tem criticado publicamente a proliferação de "seitas religiosas" em África, alertando para as consequências do fundamentalismo sobre as identidades e culturas do continente. "Em cada esquina temos uma igreja. O que diz a Igreja? Cada um com uma ideologia mais estranha do que a outra. Acham isso normal?", questionou a escritora em fevereiro, durante uma conferência em Maputo.
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Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, e o Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, lideravam a corrida. Na cauda deles, seguia um atleta que tinha as paredes do seu quarto cheias de medalhas e diplomas de segundo lugar, o atleta escorregava na pista como se tivesse manteiga nos pés. E a sua enorme língua, armada de cansaço, saía-lhe da boca e, como uma autêntica vassoura, varria a pista.
Voltemos aos líderes da corrida. De tempos a tempos, o Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, liderava a corrida e os seus pés, sobre a pista de alcatrão, pareciam mãos sobre um batuque: vibravam. Mas, quem, de facto, rasgava sem parar, a alta velocidade, a pista em pedaços era Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, um homem cabeludo que já tinha passado por mais de dez clubes de atletismo.
Nas bordas da pista, havia um molho de gente que aplaudia. O Zeca, Fugitivo dos Barbeiros, liderava a corrida; não era preciso binóculos para ver isso. A única coisa que chegava aos seus pés descalços era a enorme sombra do Coqueiro de Inhambane que parecia parada numa rua qualquer de Maxixe.
Quando faltavam poucos quilómetros para a meta, que se chamava Ponta Vermelha da competição, o Coqueiro de Inhambane começou a ser empurrado a velocidade. O Coqueiro de Inhambane avançava, pois a cada curva da pista, sem ninguém, surgia alguém que lhe uma garrafinha de água; o carro que filmava a competição, de quando em quando, dava-lhe uma boleia bem rápida e quando chegasse onde houvesse muita gente era despejado na pista e benzido de água para mostrar a todos que estava a suar de tanto correr.
Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, continuava a correr, a lutar contra o cansaço. Os atletas competiam de pés nus sobre o alcatrão quente, mas Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, às escondidas tinha sido colocado dois farrapos de napas nos pés por um delegado da competição que controlava a competição de forma transparente e justa.
Na pista, sem ninguém ver, ainda entrou um massagista para reanimar os músculos do Coqueiro de Inhambane, ainda entrou um nutricionista que entulhou o Coqueiro de Inhambane de vitaminas, ainda deram patins ao Coqueiro de Inhambane e todos viram quando até o relógio foi desacertado para que o Coqueiro de Inhambane batesse o maior recorde nacional.
Zeca ainda tentou acelerar, mas foi ultrapassado pelo Coqueiro de Inhambane. O Coqueiro de Inhambane agitava sem parar a sua enorme altura bem longe, e ele chegou à meta e foi aplaudido. E nem precisou de cortar a meta, o coordenador da competição cortou a meta em seu nome bem antes do início da corrida.»
O renomado escritor moçambicano Mia Couto pediu ontem "medidas severas" em resposta à agressão sofrida por Paulina Chiziane, perpetrada por seguranças de uma Igreja evangélica em Maputo, classificando o incidente como "inaceitável".
"É inaceitável a agressão física, verbal e psicológica cometida contra a escritora Paulina Chiziane e os artistas que a acompanhavam (...). Medidas severas devem ser tomadas contra os agressores. Sejam quem forem, seja qual for o pretexto dessa violência", declarou Mia Couto, em reação ao incidente, ao Lusa.
O Caso:
Paulina Chiziane submeteu uma queixa-crime contra um pastor da Igreja Divina Esperança, acusando os seguranças da congregação de agredi-la no dia 28 de julho, na província de Maputo. A escritora, acompanhada por outros três membros de sua equipe, registrava imagens para um videoclipe nas imediações da igreja.
Chiziane relatou que a agressão foi ordenada pelo pastor da igreja, resultando em ferimentos graves para alguns membros de sua equipe. "Estou a processar um pastor, aquele que ordenou a agressão contra mim e contra os meninos. Eles [a igreja] dizem que podem ajudar a pagar as despesas de saúde, mas um dos nossos membros foi pisado com botas e não consegue respirar bem. Não sei se ele tem fraturas ou não, mas ele não está bem", declarou Chiziane à Lusa. Outro membro da equipe também sofreu ferimentos, incluindo um problema na vista.
Acusações de Bruxaria:
Além das agressões, Paulina Chiziane afirmou que foi acusada de "bruxaria" porque, no veículo em que se transportavam, levavam a Timbila, um instrumento musical tradicional classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2008.
Reações:
Mia Couto, juntamente com a Associação dos Escritores Moçambicanos, condenou a agressão. A associação destacou que o incidente é uma ameaça à liberdade artística e à cidadania.
"Entendemos, assim, que tais atos, contraditórios a qualquer postura religiosa e cívica, constituem uma inadmissível ameaça à liberdade de criação artística e ao exercício dos direitos sociais e de cidadania consagrados pela Constituição", lê-se num comunicado da associação.
Contexto:
Paulina Chiziane tem criticado publicamente a proliferação de "seitas religiosas" em África, alertando para as consequências do fundamentalismo sobre as identidades e culturas do continente. "Em cada esquina temos uma igreja. O que diz a Igreja? Cada um com uma ideologia mais estranha do que a outra. Acham isso normal?", questionou a escritora em fevereiro, durante uma conferência em Maputo.
Agradecemos por ler nosso artigo, junte-se ao Canal de notícias do WhatsApp e fique a par dos acontecimentos que marcam a atualidade, acesse o link https://whatsapp.com/channel/0029VafrN6E8aKvAYGh38O2p
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«A Competição Nacional de Atletismo aconteceu há dias. Havia muitos atletas na pista, mas boa parte não tinha intenções de vencer. Queria, apenas, receber, ao fim da competição, uma garrafa de água, uma frutinha e uma camiseta. Tem sido sempre assim.
Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, e o Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, lideravam a corrida. Na cauda deles, seguia um atleta que tinha as paredes do seu quarto cheias de medalhas e diplomas de segundo lugar, o atleta escorregava na pista como se tivesse manteiga nos pés. E a sua enorme língua, armada de cansaço, saía-lhe da boca e, como uma autêntica vassoura, varria a pista.
Voltemos aos líderes da corrida. De tempos a tempos, o Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, liderava a corrida e os seus pés, sobre a pista de alcatrão, pareciam mãos sobre um batuque: vibravam. Mas, quem, de facto, rasgava sem parar, a alta velocidade, a pista em pedaços era Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, um homem cabeludo que já tinha passado por mais de dez clubes de atletismo.
Nas bordas da pista, havia um molho de gente que aplaudia. O Zeca, Fugitivo dos Barbeiros, liderava a corrida; não era preciso binóculos para ver isso. A única coisa que chegava aos seus pés descalços era a enorme sombra do Coqueiro de Inhambane que parecia parada numa rua qualquer de Maxixe.
Quando faltavam poucos quilómetros para a meta, que se chamava Ponta Vermelha da competição, o Coqueiro de Inhambane começou a ser empurrado a velocidade. O Coqueiro de Inhambane avançava, pois a cada curva da pista, sem ninguém, surgia alguém que lhe uma garrafinha de água; o carro que filmava a competição, de quando em quando, dava-lhe uma boleia bem rápida e quando chegasse onde houvesse muita gente era despejado na pista e benzido de água para mostrar a todos que estava a suar de tanto correr.
Zeca, o Fugitivo dos Barbeiros, continuava a correr, a lutar contra o cansaço. Os atletas competiam de pés nus sobre o alcatrão quente, mas Jossefa, o Coqueiro de Inhambane, às escondidas tinha sido colocado dois farrapos de napas nos pés por um delegado da competição que controlava a competição de forma transparente e justa.
Na pista, sem ninguém ver, ainda entrou um massagista para reanimar os músculos do Coqueiro de Inhambane, ainda entrou um nutricionista que entulhou o Coqueiro de Inhambane de vitaminas, ainda deram patins ao Coqueiro de Inhambane e todos viram quando até o relógio foi desacertado para que o Coqueiro de Inhambane batesse o maior recorde nacional.
Zeca ainda tentou acelerar, mas foi ultrapassado pelo Coqueiro de Inhambane. O Coqueiro de Inhambane agitava sem parar a sua enorme altura bem longe, e ele chegou à meta e foi aplaudido. E nem precisou de cortar a meta, o coordenador da competição cortou a meta em seu nome bem antes do início da corrida.»
O renomado escritor moçambicano Mia Couto pediu ontem "medidas severas" em resposta à agressão sofrida por Paulina Chiziane, perpetrada por seguranças de uma Igreja evangélica em Maputo, classificando o incidente como "inaceitável".
"É inaceitável a agressão física, verbal e psicológica cometida contra a escritora Paulina Chiziane e os artistas que a acompanhavam (...). Medidas severas devem ser tomadas contra os agressores. Sejam quem forem, seja qual for o pretexto dessa violência", declarou Mia Couto, em reação ao incidente, ao Lusa.
O Caso:
Paulina Chiziane submeteu uma queixa-crime contra um pastor da Igreja Divina Esperança, acusando os seguranças da congregação de agredi-la no dia 28 de julho, na província de Maputo. A escritora, acompanhada por outros três membros de sua equipe, registrava imagens para um videoclipe nas imediações da igreja.
Chiziane relatou que a agressão foi ordenada pelo pastor da igreja, resultando em ferimentos graves para alguns membros de sua equipe. "Estou a processar um pastor, aquele que ordenou a agressão contra mim e contra os meninos. Eles [a igreja] dizem que podem ajudar a pagar as despesas de saúde, mas um dos nossos membros foi pisado com botas e não consegue respirar bem. Não sei se ele tem fraturas ou não, mas ele não está bem", declarou Chiziane à Lusa. Outro membro da equipe também sofreu ferimentos, incluindo um problema na vista.
Acusações de Bruxaria:
Além das agressões, Paulina Chiziane afirmou que foi acusada de "bruxaria" porque, no veículo em que se transportavam, levavam a Timbila, um instrumento musical tradicional classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2008.
Reações:
Mia Couto, juntamente com a Associação dos Escritores Moçambicanos, condenou a agressão. A associação destacou que o incidente é uma ameaça à liberdade artística e à cidadania.
"Entendemos, assim, que tais atos, contraditórios a qualquer postura religiosa e cívica, constituem uma inadmissível ameaça à liberdade de criação artística e ao exercício dos direitos sociais e de cidadania consagrados pela Constituição", lê-se num comunicado da associação.
Contexto:
Paulina Chiziane tem criticado publicamente a proliferação de "seitas religiosas" em África, alertando para as consequências do fundamentalismo sobre as identidades e culturas do continente. "Em cada esquina temos uma igreja. O que diz a Igreja? Cada um com uma ideologia mais estranha do que a outra. Acham isso normal?", questionou a escritora em fevereiro, durante uma conferência em Maputo.
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