Em Massinga, Inhambane, surgem denúncias sobre o uso da Polícia da República de Moçambique (PRM) e da polícia municipal para proteger edifícios e figuras ligadas ao partido FRELIMO, gerando inquietação entre os agentes e a população local. Policiais relatam serem obrigados a prestar serviço de segurança a diversos membros do partido no poder, bem como a edifícios partidários, como o comité de zona e outras instalações da FRELIMO, mas de maneira oculta, sem que a população ou a oposição tenha conhecimento.
Agentes afirmam que são forçados a proteger figuras de destaque do partido, como o secretário permanente da FRELIMO em sua residência, além de uma senhora do partido que se hospeda diariamente no hotel Hope Kope. Em outras ocasiões, são alocados para proteger o prédio Xexinha, onde decorrem atividades partidárias, sempre com a orientação de se manterem fora da vista do público. O receio, segundo os próprios policiais, é que a oposição venha a contestar ou levantar protestos ao perceber esse tipo de proteção.
Essas práticas estão gerando indignação, principalmente porque partidos da oposição não recebem o mesmo nível de proteção ou tratamento. Segundo as denúncias, quando os policiais questionam essa disparidade, são transferidos para locais mais afastados, como Mucuacua ou Sahane, distantes do centro da vila. Além disso, durante as eleições autárquicas, os policiais relataram que foram obrigados a proteger candidatos da FRELIMO em suas residências pessoais, enquanto a segurança dos candidatos da oposição era totalmente negligenciada.
Outro ponto de discórdia é o envolvimento da FRELIMO nas formaturas dos agentes da PRM, onde membros do partido comparecem para reforçar a ideia de que devem votar a favor da FRELIMO. Antigos combatentes também são citados como participantes ativos nas campanhas do partido, sendo mobilizados para angariar votos e apoio.
Essas práticas levantam sérias questões sobre o uso da força policial para proteger interesses partidários e se o tratamento desigual entre os partidos nas esferas de segurança é legítimo. O que mais intriga os próprios agentes é o porquê de serem orientados a esconder essas atividades da população, caso o papel da polícia fosse imparcial e legal. Muitos agora se perguntam qual o limite entre o papel de segurança pública e o favorecimento político em Moçambique.
Essas acusações ganham ainda mais relevância em um contexto político tenso, onde a imparcialidade das forças de segurança é essencial para a credibilidade do processo democrático no país.
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