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GÁS NATURAL DA BACIA DO ROVUMA: eleições em Moçambique e nos EUA podem impactar investimentos



O Presidente da República, Filipe Nyusi, advertiu na passada segunda-feira que os projetos de Gás Natural Liquefeito (GNL) da Bacia do Rovuma, uma das maiores promessas para o desenvolvimento econômico de Moçambique, podem ser afetados pelos cenários eleitorais tanto em Moçambique quanto nos Estados Unidos. Nyusi, que acabara de regressar de uma visita oficial aos EUA, frisou que em tempos de eleições, os investidores tendem a adotar uma postura mais cautelosa, o que pode ter implicações no andamento e nas decisões de grandes investimentos.

No balanço de sua visita, Nyusi reconheceu o potencial disruptivo que períodos eleitorais trazem para os mercados financeiros e o ambiente de negócios. “Sabemos que, em épocas eleitorais, os investidores tendem a ser mais prudentes, aguardando para ver como o panorama político se desenrolará, tanto local como internacionalmente”, disse o presidente. Esse fenômeno pode ser observado não apenas em Moçambique, que terá eleições nos próximos meses, mas também nos Estados Unidos, onde a corrida presidencial está aquecendo e onde várias das grandes empresas de energia envolvidas no projeto da Bacia do Rovuma estão sediadas.

Os projetos de GNL na Bacia do Rovuma representam um dos maiores investimentos de sempre no continente africano, com potencial para transformar a economia moçambicana, gerar milhares de empregos e atrair uma cadeia de desenvolvimento que impacta diretamente diversas indústrias. No entanto, a magnitude desses investimentos faz com que as decisões dos principais players internacionais sejam extremamente sensíveis às condições políticas e econômicas.

Cautela dos Investidores: O Fator Eleitoral

Durante sua declaração, Filipe Nyusi destacou que a prudência dos investidores em tempos de incerteza política pode resultar em atrasos na tomada de decisões cruciais. “Os investidores, principalmente em setores como o de energia, precisam de garantias sobre a estabilidade política e económica para avançar com grandes capitais”, explicou. A instabilidade em torno de eleições, especialmente quando combinada com outros fatores globais como conflitos geopolíticos e flutuações no mercado de energia, pode aumentar a percepção de risco.

Nos Estados Unidos, onde a decisão sobre o próximo presidente pode redefinir políticas energéticas, há uma expectativa de que as empresas reconsiderem suas prioridades e estratégias, aguardando o resultado das urnas. Para empresas como ExxonMobil e outras gigantes envolvidas nos consórcios do Rovuma, o alinhamento das políticas de seus países de origem pode influenciar diretamente o compromisso com projetos de longa duração como o GNL em Moçambique.

Moçambique: Expectativa de Mudança ou Continuidade?

Em Moçambique, a aproximação das eleições também gera ansiedade entre investidores locais e internacionais. Com o futuro político incerto, as grandes empresas esperam clareza sobre possíveis mudanças de políticas econômicas e de segurança, especialmente em uma nação onde a instabilidade no norte, em Cabo Delgado, ainda apresenta desafios. A questão de segurança é central para a viabilidade dos projetos de gás, visto que a insurgência naquela região tem representado uma ameaça contínua à infraestrutura crítica.

Nyusi, durante sua visita aos EUA, reforçou o compromisso do governo em garantir a estabilidade no país, destacando os esforços contínuos para combater o terrorismo em Cabo Delgado. “Moçambique está a fazer tudo o que está ao seu alcance para garantir que os projetos de gás avancem sem interrupções maiores. No entanto, entendemos que o contexto político-eleitoral pode introduzir variáveis que estão além do nosso controle”, disse o presidente.

Perspectivas Futuras e Necessidade de Continuidade

Apesar dos desafios, o governo moçambicano continua otimista quanto ao futuro dos projetos de GNL. Filipe Nyusi tem se empenhado em atrair e assegurar os investidores, e os diálogos mantidos durante a visita aos Estados Unidos foram um passo nesse sentido. O presidente garantiu que o governo continuará a trabalhar para criar um ambiente de negócios favorável e estável, independentemente das circunstâncias eleitorais. No entanto, ele reconheceu que o fator tempo será determinante, já que muitas decisões cruciais estão agora nas mãos das empresas estrangeiras envolvidas.

Em última análise, o sucesso desses projetos não depende apenas da capacidade do governo moçambicano de proporcionar segurança e estabilidade, mas também de como o cenário político global, especialmente nos Estados Unidos, se desenrolará nos próximos meses. A incerteza que vem com as eleições, como bem apontado por Nyusi, é algo que nenhum país ou empresa pode ignorar.

Para Moçambique, a expectativa é que a estabilidade, tanto interna quanto externa, se mantenha suficiente para permitir o avanço dos projetos da Bacia do Rovuma, que são vitais para o crescimento econômico do país. A nação aguarda com ansiedade o desenrolar do cenário político, consciente de que o futuro da sua economia energética está, em parte, ligado ao desfecho das próximas eleições.

[Fonte: O País|| Redação: Radar Magazine — MZ || Imagens: Getty Images || Maputo, 2024]

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