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ANÁLISE: críticas da Procuradoria-Geral da República pelo uso da expressão "suca" por simpatizantes do PODEMOS


A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou recentemente a sua crítica ao uso da expressão "Suca" durante os comícios do candidato presidencial Venâncio Mondlane, do partido PODEMOS. A expressão tem sido entoada em cânticos como "FRELIMO suca, RENAMO suca", o que a PGR considerou um ato insultuoso, instigando tensões políticas e desrespeito às formações partidárias adversárias.

Contudo, o termo "Suca", ou "Suka", tem uma origem nas Línguas Bantu, especificamente no idioma Xichangana, também amplamente utilizado em XiRonga, ambas faladas no sul de Moçambique. Em português, o termo significa simplesmente "sai" ou "retira-te", sem conotação pejorativa direta. Assim, ao ser utilizado nos cânticos de comícios, a expressão quer apenas transmitir a mensagem política de mudança, sem um caráter ofensivo explícito. Quando aplicada às frases “Frelimo suka” e “RENAMO suka”, a intenção seria simplesmente: "FRELIMO, sai" e "RENAMO, sai".

Esta leitura cultural contraria o posicionamento da PGR, que interpretou o termo como uma forma de incitamento ao ódio e ao desrespeito político. No entanto, dada a natureza do idioma e o contexto em que a palavra é usada, a repreensão da PGR não parece ser factível, pois ignora as nuances culturais e linguísticas associadas ao uso da expressão.

Para muitos moçambicanos, especialmente os que falam Xichangana, "Suka" não carrega o peso de insulto, mas é uma forma legítima de expressar o desejo de mudança política. Assim, a reação da PGR pode ser vista como uma tentativa de restringir a liberdade de expressão política sem considerar devidamente o contexto cultural. O partido PODEMOS, liderado por Venâncio Mondlane, tem defendido o uso do termo como uma parte da campanha para promover uma nova visão para Moçambique, com a intenção de afastar as forças políticas tradicionais, sem recorrer a insultos. 

O debate em torno do uso da expressão "Suca" levanta questões sobre a importância de entender a diversidade linguística no discurso político e de evitar que expressões locais sejam interpretadas fora de contexto, especialmente quando utilizadas em cenários democráticos como os comícios eleitorais.

[Fonte: O País|| Redação: Radar Magazine — MZ || Imagens: Getty Images || Maputo, 2024]

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