O ex-presidente do Gabão, Ali Bongo, que foi deposto por uma junta militar em agosto, rompeu meses de silêncio para anunciar sua "renúncia definitiva" à vida política. Em um comunicado divulgado por sua advogada, Gisèle Eyue Bekale, Bongo, de 65 anos, admitiu as "insuficiências" de sua gestão, assumindo total responsabilidade pelos problemas sociais e institucionais que marcaram seu governo. Ele também fez um apelo ao país para que renuncie à vingança e evite a desestabilização política.
"Quero reafirmar minha retirada da vida política e minha renúncia a qualquer ambição nacional. Jamais desejaria ser um risco de ameaça ou desordem para o Gabão", declarou Bongo. O ex-presidente também usou a oportunidade para pedir clemência para sua família, especialmente para sua esposa Sylvia e seu filho Noureddin, que estão presos desde o golpe militar e, segundo ele, foram submetidos a "violência" e "tortura". Ele apelou pela libertação de ambos, afirmando que já estão detidos por muito tempo sem serem formalmente considerados culpados de qualquer crime.
Ali Bongo, que está sob vigilância constante e com sua liberdade de movimento restrita, expressou que ele mesmo vive isolado do mundo exterior e sem comunicação com sua família. "Minhas visitas dependem da autorização dos militares", afirmou o ex-líder, que desde 2018 sofre as sequelas de um grave AVC.
O novo governo do Gabão, liderado pelo general Brice Oligui Nguema, acusa a família Bongo de ter desviado massivamente fundos públicos e de manipular Ali Bongo, especialmente após o seu acidente vascular cerebral. A junta militar mantém poucas informações públicas sobre o estado de Bongo e sobre a investigação em curso.
Em resposta às acusações de detenção ilegal e tortura, os advogados franceses da família Bongo apresentaram uma ação civil em Paris, buscando justiça para o ex-presidente e seus familiares. Contudo, o governo de transição do Gabão nega as alegações, chamando-as de "caluniosas e falsas".
Esse golpe de Estado, que pôs fim a mais de 50 anos de governo da família Bongo, marcou uma mudança significativa no cenário político do Gabão. Agora, com a renúncia definitiva de Ali Bongo à política, o futuro do país permanece incerto, enquanto as tensões internas continuam a crescer.
[Fonte: Stronglive|| Redação: Radar Magazine — MZ
|| Imagens: Getty Images
|| Maputo, 2024]
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